Alimentos em pó: vale a pena investir?
Atualmente, uma dúvida que surge para a maioria das empresas é: vale a pena investir em alimentos em pó? Essa não é uma pergunta trivial. Afinal, por muito tempo a referência que os consumidores tinham de pós alimentícios eram as comidas de baixa qualidade, como achocolatados cheios de açúcar, “sucos” artificiais com uma concentração baixíssima da fruta ou sopas com aditivos químicos e ingredientes de nomes impronunciáveis.
Com a preocupação cada vez maior com saúde e bem-estar e a desconfiança de alguns com produtos processados, será que a população vai comprar esses alimentos? A resposta é sim. O mercado global de comida em pó tem uma estimativa de crescimento de 3,91% até o ano de 2023 e alguns fatores podem ajudar a compreender o apelo desses alimentos: conveniência e praticidade; acesso à informação sobre saúde; e sustentabilidade e meio ambiente.
Conveniência e Praticidade
Não é novidade que o ritmo de vida nos grandes centros urbanos passou por mudanças significativas nas últimas décadas. Entre as exigências do trabalho e da escola e as obrigações familiares, o brasileiro médio passa pouco tempo dentro de casa, sendo difícil separar um momento para o lazer e até mesmo para as refeições. O resultado disso é que as tendências alimentares também mudaram e hoje em dia há uma busca maior por produtos que economizam tempo e esforço dos consumidores.
Essa foi a conclusão da pesquisa Brasil Food Trends 2020, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). De acordo com o estudo, refeições prontas e congeladas, embalagens fáceis de usar e de descartar, produtos destinados ao micro-ondas e serviços de entrega, além de pequenas porções e embalagens para consumo individual, estão entre as queridinhas de quem busca conveniência e praticidade.
Nesse contexto, os alimentos em pó, por serem fáceis de carregar e armazenar e virem em diversos tipos e formatos, são uma ótima alternativa de consumo: eles podem ser ingeridos rapidamente como sucos e sopas, esquentados no micro-ondas, acrescidos em smoothies e saladas ou até mesmo consumidos em pílulas, como suplementos alimentares naturais. Se tiverem tempo disponível, os consumidores ainda podem usar os pós alimentícios para incrementar massas de bolos, pães e panquecas, tornando essas preparações mais funcionais. E funcionalidade é um aspecto que está diretamente relacionado ao segundo motivo pelo qual os alimentos em pó podem atrair os consumidores.
Acesso à informação sobre saúde
Há uma tendência com forte potencial de crescimento no Brasil de busca por alimentos que tenham algum benefício à saúde. Com isso, comidas artificiais, com aromas, fragrâncias e sabores sintéticos estão sendo substituídas por alimentos funcionais, produtos para dieta e controle de peso e substâncias naturais ou que melhoram o desempenho físico e mental dos consumidores.
A agência de pesquisa Euromonitor International revelou que, entre 2009 e 2014, o Brasil se tornou o quarto maior mercado do mundo na área de alimentação saudável e apenas no ano de 2016, o segmento de bebidas saudáveis gerou R$93,6 bilhões em vendas.
Ainda de acordo com a pesquisa, os setores que tiveram maior destaque nos últimos anos foram os de alimentos plant-based; clean-label e sem adição de elementos como glúten, sódio, leite, açúcar e aditivos químicos. Ou seja, segmentos que podem convergir facilmente com o de comidas em pó.
O que fica claro com essas informações é que a preocupação com a saúde está ligada à maior compreensão sobre os ingredientes e processos pelos quais o alimento passou. Ao contrário do que se imagina, a população está cada vez mais atenta e consciente sobre as características do que consome e sabe diferenciar os produtos de baixa qualidade daqueles benéficos à saúde, como é o caso dos pós que passaram por liofilização.
De acordo com dados da consultoria Mordor Intelligence, o mercado global de alimentos liofilizados está projetado para crescer 9.98% até 2025 e, embora os Estados Unidos ainda estejam na liderança, a América do Sul e Ásia-Pacífico são os mercados que crescem com mais velocidade.
Tal interesse é influenciado por diversos fatores, sendo que os principais são: a busca por alternativas que facilitem o processamento de produtos sensíveis ao calor, como as frutas e vegetais; a procura por alimentos que tenham maior tempo de prateleira, mas sem perder suas propriedades originais; o aumento da prática de esportes em locais abertos e expedições; e a crescente conscientização sobre saúde e bem-estar.
Sustentabilidade e meio ambiente
Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), apontam que mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados ou perdidos todos os anos na cadeia de produção, sendo que o Brasil figura entre os 10 primeiros da lista. Além disso, estima-se que a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas até o ano de 2050, o que aumentará a demanda por alimentos e, em consequência, o seu desperdício.
Por causa disso, é essencial que a indústria encontre maneiras de mitigar o descarte de alimentos que ainda estão próprios para o consumo. Parte do problema envolve os chamados FLV (frutas, legumes e verduras), que em muitas ocasiões são descartados apenas por conta de sua aparência. A comida em pó, por sua vez, pode ser uma aliada nesse sentido, reaproveitando produtos que seriam jogados no lixo e atendendo à crescente demanda por empresas comprometidas com o meio ambiente.
De acordo com o relatório Liga Insight Food Techs, que reuniu dados de diversas pesquisas de opinião, os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sustentabilidade e redução do desperdício de alimentos. Um exemplo é a pesquisa da Tetra Pak que constatou que o público atribui mais valor a produtos sustentáveis e que não prejudiquem o meio ambiente, além de procurarem certificações de boas práticas corporativas e se preocuparem com o destino de descartes orgânicos.
Com base em todas essas informações, é possível perceber que existe um mercado em aberto para a comercialização de alimentos em pó, seja reaproveitando resíduos ou alimentos que seriam descartados, seja para aumentar a vida útil de produtos facilmente perecíveis ou para fornecer uma opção saudável a quem busca praticidade.
A Pronutrition, foodtech especializada em alimentos funcionais e inovadores, pode auxiliar no desenvolvimento de projetos de nutrição baseada em pós.
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